O outro lado da avenida

A vejo de longe, quero beijá-la. mais uma vez. Corro para conseguir, quem sabe, não sou um beijo no rosto ou um abraço.
Ela sumiu. Não a encontro em nenhum lugar. O seu perfume ainda está ali. Tenho de me contentar apenas com isso. A imagem que guardo em minha mente já não me lembro mais qual é.
Faz muito tempo desde que a vi pela última vez. Era uma da tarde de domingo, estávamos saindo de nosso último encontro, pena que eu não sabia disso.
-Estou indo embora.- falou ela.
-Para onde vamos?
-Não, eu estou indo, você....não sei o que vai acontecer com você.
-Mas...porquê?
-Tenho de ir, apenas isso.
Ela foi. Até hoje nunca cheguei a vê-la novamente. Entrei em um frenesi correndo atrás do seu perfume e do vulto que pensei que era ela.
Teria sido aquele vulto apenas fruto da minha imaginação? Ou ela realmente estava ali?
-Ela está aqui.-falei ao vê-la do outro lado da avenida.
Aquele rosto macio, de pele clara como o farol do caminhão. O caminhão de metal frio, que agora se funde ao meu corpo, e faz com que eu volte à realidade, percebendo que do outro lado da rua, não há ninguém.