19 de julho de 2011

Rugindo com o Leão - Uma Cilada Dupla, Parte 2

Postado por Unknown
 



Tem que ter estômago pra aguentar uma pré-estreia à meia-noite de qualquer filme. Por um motivo muito simples: pra um filme ter uma sessão de pré-estreia à meia-noite, é porque tem uma legião de fãs assíduos. E fãs assíduos gostam de se vestir como os personagens do filme, de agir como os personagens do filme, de saber as falas dos personagens do filme e falar junto, e de gritar nas melhores partes do filme.

    Tá bem, eu também faço essa última parte.
    Aliás, no caso de "Harry Potter e as Relíquias da Morte - Parte 2", foi dífil me segurar: David Yates, pela primeira vez desde que assumiu a direção da série, fez um filme bom, impactante, tocante. Ainda bem. Pela primeira vez, ele respeitou os fãs da série, e entregou um filme em que nada é deixado para trás, nem os personagens, nem a história.
    Explico: sou "fãzinho" de Harry Potter. Não me visto como nenhum dos personagens e não assisto todas as pré-estreias (as únicas que eu assisti foram a desse ano e a de 2009, porque ambas caíram no dia do meu aniversário). Mas tenho todos os livros e li os primeiros seis - por pura preguiça, não li o último, que comprei na pré-venda. Não sei porquê. Ainda não li, e não sei se vou ler. Meu livro favorito foi o quinto, e o que eu menos gostei foi o terceiro. No entanto, Alfonso Cuarón, o diretor do terceiro filme ("Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban", para aqueles que não conseguem acompanhar direito os títulos), fez um PUTA filme. Agora, depois de toda a série lançada, posso dizer com certeza: "Prisioneiro de Azkaban" é o melhor filme da série, em todos os sentidos. Enquanto isso, David Yates assumiu o cargo de diretor no quinto filme, "Harry Potter e a Ordem da Fênix", e fez um trabalho bem porco. Basta dizer que o livro mais longo se transformou no filme mais curto, e a cena mais intensa do filme - a morte de Sirius Black - foi reduzida, e virou um "tanto faz" imenso. "O Enigma do Príncipe", o sexto filme, também ficou ruinzinho. "Relíquias da Morte - Parte 1" ficou até aceitável. Mas parece que alguém puxou - com força - a orelha de Yates, porque "Harry Potter e as Relíquias da Morte - Parte 2" é tudo isso que a crítica falou - um desfecho bastante digno.
    A história começa exatamente de onde o último filme parou: Voldemort abrindo o caixão de Alvo Dumbledore e roubando sua varinha, a mais poderosa já criada: A Varinha das Varinhas (ou Elder Wand), uma das três relíquias que dão nome ao filme, juntamente com a conhecida Capa de Invisibilidade do Harry e a Pedra da Ressureição. Depois, corta para o túmulo de Dobby - que "morreu como um elfo livre" - e para a nova sede da Ordem da Fênix, a casa do irmão mais velho de Rony, Gui Weasley, e sua nova esposa, Fleur DeLacour. O trio principal precisa ir ao banco Gringotes (onde Harry vai com Hagrid no primeiro filme da série, "A Pedra Filosofal) para achar uma horcruxe ("pedaços" da alma de Voldemort que devem ser destruídos) guardada dentro do cofre de Belatriz Lestrange (Helena Bonham Carter, como sempre, impecável, perfeita, maravilhosa). Depois desse rápido evento, só há um lugar para que Harry, Rony e Hermione possam ir: Hogwarts.
    O diretor de Hogwarts agora é Severo Snape (Alan Rickman, excelente), que há dois filmes matou o antigo diretor Dumbledore. A volta de Harry à escola é muito bem recebida pelos alunos, mas nem tanto pelo professor comensal da morte. Após uma curta batalha, ele foge da escola expulso por Harry, a Ordem da Fênix e a maravilhosa professora McGonnagal (Dama Maggie Smith, perfeita. Essa mulher filmou os últimos dois filmes enquanto fazia quimioterapia contra o câncer, e foi justamente nessa última parte que ela fez seu personagem ainda mais digno e mais amável do que nunca. A atriz que mais merece respeito em Hollywood, hoje, é ela), que toma mais que depressa o posto de diretora e, numa cena que mereceu aplausos do cinema inteiro, manda todos os alunos da viscosa casa Sonserina para a masmorra.
    Não há tempo para descanso: o tempo é curto e o desfecho precisa ser apresentado. Harry sai correndo atrás de horcruxes para um lado do castelo, e Rony e Hermione vão até à Câmara Secreta (do segundo filme) para procurar algo com que destrui-las. É então que surge outra cena muito esperada e que fez todos gritarem: o beijo entre Rony e Hermione. Os atores não têm química alguma, mas não é culpa deles - eles cresceram juntos, afinal de contas. Outro beijo, que não existe no livro, foi o de Harry e Gina, que decepcionou muito - já que a ideia do beijo partiu do ator que faz o Harry, Daniel Radcliffe, ele bem que podia ter dado um beijo de mais de meio segundo. Mas tudo bem. Continuando com a história.
    Voldemort aparece cercando a escola, e ele e seus comensais tentam invadir para pegar Harry a qualquer custo. É a deixa para feitiços e mais feitiços, incluindo um que a professora McGonnagal sempre quis usar - não vou contar qual é, mas a cena ficou divertidíssima. A "luta de varinhas" (hehe pervertidos) é intensa enquanto as horcruxes são procuradas e destruídas, uma a uma.
    Paro aqui com a sinopse - basta dizer que daqui pra frente, a guerra continua, toda em Hogwarts, incluindo mortes emocionantes dos personagens do bem (alguns corpos são mostrados por cinco segundos, mas ainda assim arrancam lágrimas dos mais sentimentais) e umas divertidas dos personagens do mal (uma, inclusive, criou um conflito mental, porque todos amavam a personagem que morreu e a personagem que a matou. Enfim).
    Os efeitos são excelentes - é claro, o orçamento para um filme desses é praticamente ilimitado -, o roteiro, impecável, a direção marcante, e a atuação excepcional. "Harry Potter e as Relíquias da Morte - Parte 2" encerra dez anos da saga do bruxo no cinema, definitivamente com chave de ouro. Os mais fãs não vão conseguir parar de chorar. Os que não são fãs vão se divertir muito. E os que não gostam... nem vão assistir. Mas eles não sabem o que estão perdendo. "Relíquias da Morte 2" é um filmaço, que, com dignidade, diz adeus a personagens que marcaram uma geração.

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